A arquitectura hospitalar e os seus processos programáticos e tipológicos são o objecto desta investigação. A perspectiva de análise é histórica e reporta-se à inserção espaciotemporal, no contexto português (Portugal Continental e Colónias), entre 1850 e 1950. Trata-se de um período cronológico tão abrangente quanto necessário para se conhecer um leque de edifícios com novas e diferentes tipologias funcionais, tecnologias construtivas e sistemas formais, marcantes na história da Arquitectura.
Identificado o tema da arquitectura hospitalar portuguesa, como campo de aprofundamento analítico, amplamente tributário de contributos essenciais provenientes dos domínios da arquitectura e da saúde, o âmbito da abordagem é de natureza transdisciplinar e posiciona-se no cruzamento disciplinar da História da Arquitectura com as Ciências Sociais e as Ciências da Saúde.
Seleccionámos um conjunto de edifícios hospitalares que, na sua formalização e estrutura, marcam a materialidade e a implantação nos meios que os envolvem, criando uma determinada ideia de ordem social. Eles dão testemunho e são forma ou o resultado de um programa estabelecido como modelo. Este trabalho acompanha o desenvolvimento da arquitectura hospitalar dos séculos XIX e XX, que marca uma ruptura e é um momento de transformação da habitação do doente. Este novo espaço e modo de habitar decorre de uma ampla discussão emergente dos estudos científicos desenvolvidos pela medicina, mas que ganha uma maior dimensão quando transposto para o domínio da disciplina da arquitectura. A evolução dos ideais da arquitectura moderna teve um excelente ensaio nos projectos sanatoriais e hospitalares que contribuíram, em grande parte, para consolidar o novo modo de projectar e de entender as regras do trabalho e da arte dos arquitectos.
Para comprovação da hipótese, recorremos a um universo interdisciplinar, reunindo documentação manuscrita e impressa, elementos gráficos, iconográficos e fílmicos, que, pela sua dimensão, salvaguarda e futura fruição, se reuniu neste Banco de Dados Virtual, intitulado Arquitecturas da Saúde, para o qual concebemos o programa, a identificação e a organização dos conteúdos, no quadro desta dissertação, mas com perspectivas de continuidade.